quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A Idade da Fúria

A noite já ia alta, e a temperatura caía cada vez mais. Sobre as montanhas, o céu se mostrava extremamente limpo, sem nuvem alguma. Inúmeras estrelas clareavam a noite, sua luz mostrando o contorno das outras montanhas, que podiam ser vistas do pequeno patamar que se lançava da entrada de uma caverna, de onde vinham vozes que deixavam o ar carregado de tensão:
_ Não! Seu plano é ridículo. Me recuso a participar dele.
_ Tolo! É isso que você é. Seu gosto pela comida deles afetou sua mente, Prateado.
_ Quem é você para vir aqui e dizer que a MINHA mente está afetada, Klauth? Essa sua idéia é ultrajante, embora isso não seja uma surpresa, vindo de você.
Agora um pequeno ponto de luz começava a aparecer dentro da caverna, se tornando maior enquanto as vozes se aproximavam da entrada:
_ Devo presumir que você não me ajudará então. Bom, não posso dizer que isso me entristeça. _ Falou Klauth, com um sorriso de desdém no rosto, agora iluminado pela luz clara das estrelas. No momento, estava com a aparência de um elfo. Ou pelo menos de como ele achava que um elfo deveria ser. As orelhas um tanto maiores do que o normal dos elfos, e o cabelo claro tão comprido que chegava à altura de seus joelhos. Os olhos, muito vivos, pareciam queimar, sendo suas pupilas da cor de magma quente. E como um toque final em sua imagem um tanto impressionante, Klauth ostentava diversas tatuagens vermelhas na pele clara de seu rosto, sendo todas imbuídas de significado e poder arcano. _ Você acha mesmo que os humanos podem continuar dessa maneira, velhote? Pare e pense um pouco. Eles estão decaindo, cada vez mais. E agora, estes vultos vêm de seu plano sombrio para tomar Faerun. Ora, se alguém deve dominar isso tudo _ o elfo agora estava de braços abertos, mostrando o lugar à sua volta. O vento balançava seu cabelo, dando-lhe um ar ainda mais sobrenatural _ que seja nossa raça. Que os humanos, os anões e os elfos _ um sorriso maldoso lhe tomou o rosto, enquanto sinalizava para si mesmo _ voltem à posição de onde nunca deveriam ter saído. De gado. Gado e criados. Que os dragões governem Faerun novamente.
_ Maldito seja, Velho Rosnado. _ um menino loiro, de não mais que 12 anos de idade encarava Klauth com uma confiança tremenda, desafiando toda e qualquer autoridade que o outro julgasse ter _ seu plano é um ultraje, assim como sua presença em minha morada. Não tomarei parte nisso, e tampouco permitirei que você siga adiante com suas idéias.
_ Quem diabos você pensa que é, _ o elfo agora estava mudando, crescendo e assumindo sua real forma _ Prateado? _ a voz agora saia com escárnio, vindo de um dragão vermelho de tamanho assombroso _ Se não concorda comigo, está contra mim. E garanto a você que essa não é uma boa escolha. Muitos dos seus já aderiram ao meu plano. E todos os cromáticos estão ao meu lado. Quer lutar por seus cozinheiros? Que seja, faça como quiser. Tolo.
_ Não ouse me insultar novamente em minha morada, Vermelho. Ou será a última coisa que você fará. E quanto ao seu plano de usurpar o poder, _ agora era a vez do menino começar a aumentar de tamanho e mudar _ ESQUEÇA. Dessa vez você foi longe demais, e seu plano morre aqui, junto com você. _ Agora um dragão prateado ocupava o lugar onde antes se encontrava o garoto. O mesmo abriu as asas, enquanto se preparava para soprar toda a fúria de uma tempestade de neve sobre o dragão vermelho, que o encarava com um sorriso de desdém e malícia.
_ Imaginei que você faria isso. Bom, pensando bem, melhor assim. _ O dragão se lançou contra o outro, no momento em que uma nuvem gigantesca de vento e cristais de gelo vinha em sua direção. Porém a nuvem foi detida por outros três jorros de fogo, que vieram de trás do dragão vermelho, que agora cravava as garras na garganta do prateado, o qual estava atônito demais para reagir: _ acho que esqueci de mencionar que até mesmo uni os de minha cor. Sabe, a maior ironia disto tudo é que, na segunda vez que eu consigo reunir tantos dos meus, acabe repetindo o que fiz antes, na primeira. Lembra daquele clã inteiro de prateados? Mortos ninguém sabe como, uns trezentos anos atrás? Bem... _ os olhos de Klauth agora brilhavam de malícia, enquanto o outro se horrorizava com a lembrança do assassinato do maior clã de Prateados que já existiu em Faerun, e que agora fora confessado pelo Velho Rosnado. Antes que pudesse dizer algo, sentiu seu corpo ser envolvido por chamas e eletricidade.
Sua visão ficou turva, mas não antes de conseguir distinguir vários vultos circulando no ar, festejando sua derrota. Viu vermelhos, e verdes, e azuis e brancos. E finalmente, para seu desespero total, um prateado. Sentiu-se enojado nesse momento, e o desgosto lhe tomou a alma. Desgosto que o acompanharia por toda a eternidade, até o fim dos tempos.
Com duas patas sobre o corpo sem vida de Kaberhym o Prateado, senhor dos Picos da Tempestade, Klauth urrou de satisfação, enquanto declarava iniciada a Idade da Fúria, quando os Dragões roubariam para si o poder sobre toda a terra entre a Costa da Espada e o Ermo Infindável.

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