Thamior
estava inquieto. Primeiro aquela tempestade, que poderia ser qualquer coisa,
menos natural. Depois, o sonho.
O
elfo sonhara com um rio cheio, violento, que corria vermelho de sangue. Sentiu a
proximidade da morte. Mas o que mais incomodava era a sensação
de que aquilo não era apenas um sonho. Era algo mais. Tinha certeza de que o
rio com que sonhara era familiar. Mas por mais que se tentasse, não conseguia
identificá-lo.
O
elfo sentou-se, fitando o próprio rosto, refletido no olho d'água. Estava
sozinho já há algum tempo. Poucos de seu povo tinham permanecido na Corte
Élfica. De seu círculo druídico, era o último. Dos outros membros, não tinha
notícias há mais de ano.
Ainda
assim, continuava ali.
Perdeu-se
novamente em pensamentos vermelhos, tentando descobrir qual seria o rio que viu
em seu sonho.
O
farfalhar de asas chamou sua atenção. Com um sorriso, acompanhou a grande águia
enquanto ela pousava, perto da água. Trazia um coelho nas garras. Pelo menos
ela não parecia preocupada.
Torugg
olhou para trás. Seu povo se espalhava em uma coluna, seguindo uma pequena
trilha pela montanha. Viu um corpo caído entre rochas e neve fresca. Os velhos
foram os primeiros a morrer. Se não encontrassem abrigo, logo seriam os
pequenos, nascidos há menos luas. O frio certamente cobraria seu preço.
Grunhidos
raivosos vinham de mais adiante na fila. Torugg escutou. A discussão era sobre
o caminho a tomar. Cidadelas dos homens ou florestas dos elfos?
Não
importava. Torugg olhou para trás novamente, para ter certeza que apenas a
noite os acompanhava.
A
massa de orcs recomeçou a andar, e Torugg soube que algo havia sido decidido.
Provavelmente a decisão havia custado uma ou duas vidas, mas o que isso
importava? O que não podiam fazer era ficar ali parados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário